"Justamente quando nós pensamos que já estamos amadurecidos, eventos inesperados nos farão perceber que ainda temos muito para crescer"
Quando foi a última vez que algo inesperado aconteceu em sua vida? Perguntinha chata né? Muita gente (como se muita gente lesse esse blog ¬¬) deve ter parado agora para analisar quando isso deve ter acontecido. Não sei você, leitor, mas eu acho frustrante quando "tá tudo na mesma". Sabe aquela rotina morgada, parada, aquele marasmo? Odeio. Gosto quando meus dias são repletos de "e agora?". Nesses dias eu me sinto vivo, necessário, essencial, indispensável.
Minha "rotina" não dá espaço a mesmices justamente pela área em que trabalho e acho que foi justamente por isso que saí do exército (o lugar mais repetitivo do universo) para me dedicar à educação (o lugar mais repleto de imprevistos que existe). Todo dia é diferente do outro, toda hora tem alguma coisa inesperada acontecendo, nenhum caso é igual ao outro, quase nenhum problema serve de base para solução de outros. É perfeito. Nossas mentes não param, não têm como tornarem-se máquinas com funções repetitivas e são sempre desafiadas a resolver problemas de diferentes complexidades. Tem coisa melhor? Eu não acho que tenha.
Quando tive a ideia de escrever este texto muitas cenas que me vieram à cabeça. Eu bem que poderia usar qualquer uma mas esta cena de Charles Chaplin, em um ótimo trecho de Tempos Modernos, é perfeita:
O filme é, como todos já sabem, "uma crítica à "modernidade" e ao capitalismo representado pelo modelo de industrialização onde o operário é engolido pelo poder do capital e perseguido por suas ideias "subversivas". No trecho que coloquei aqui, Charles Chaplin transforma o ato de apertar parafusos em uma expressão de crítica e humor. Um gesto do dia a dia, trazido para o contexto de uma coreografia, ganha, na repetição, um sentido expressivo" (adaptado). E essa repetição é expressa o modo de vida de algumas pessoas, que acomodam a mente e o corpo, fazendo com que tudo seja tão previsível a ponto de não ter mais como parar de retomar tudo aquilo todos os dias. A vida e a mente não evoluem.
O sistema de castas, na Índia, é um exemplo de vida que não condiz com meus princípios. Para quem não sabe, "a divisão da sociedade em castas é determinada a partir da hereditariedade. As castas se definem de acordo com a posição social que determinadas famílias hindus ocupam. Fator que estabelece um tipo de “hierarquia” social marcada por privilégios e deveres. Esse sistema tem como principal característica a segregação social, determinando a função das pessoas dentro da sociedade indiana. Tal segregação resulta em desigualdade social, que é explicada pelo fato de um indivíduo não poder ascender para uma casta superior" (adaptado). Como viver assim? Sem expectativa de mudança, preso a uma hierarquia, sem evoluir socialmente?! Uma vida, inteiramente, programada (pelo menos no que diz respeito à minha posição na sociedade). Não dá mesmo!
Gosto de tudo que surpreende. O previsível não é tão atraente quanto. É com o imprevisto que somos levados a crescer ainda mais, a buscar novas soluções, novas atitudes, novos progressos, novos entendimentos, novas visões da vida e do ser humano. É delicioso o momento em que descobrimos a solução de um problema. Isso instiga, atiça, reaviva qualquer pessoa que pensa já saber resolver quase tudo na vida (pelo menos quem pensa como eu deve se sentir assim). É muito bom parar diante de uma dificuldade, pensar soluções para ela, encontrar a melhor opção e conseguir seguir em frente quantas vezes for preciso.
Não quero mesmice. Não quero marasmo. Não quero tranquilidade. Não quero calmaria. Isso torna a vida monótona, sem graça, sem sal, sem atrativos, sem novidades, sem movimento. Tal qual o corpo (coisa que venho redescobrindo), nossa vida precisa ser movimentada, mexida, chacoalhada, agitada. Um corpo parado trava, entreva, enferruja. Vamos fazer nossa vida dançar, malhar, correr, saltar! Vamos tirar nossas vidas do sofá e apresentá-la ao inesperado mundo das surpresas!
"Eu prefiro o difícil, o impossível, o inesperado, e só."
Clarice Lispector
"Um brinde ao inesperado. E às diversas formas de seguir em frente!"
Fernanda Mello
Tem mais?
Tem. E será inesperado (ou não).
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