Adultifique-se


Em algum ponto da vida adultifiquei-me. Prendi-me à suposta e inequívoca noção de que crescer exige dureza e finitude. Fui petrificando-me por entre as rochas que habito, por entre os sonhos que não sinto, por entre as nuvens que não toco! Pouco a pouco fui tornando-me o sonho de meus pais, os medos de minha cidade e as expectativas morais que me circundavam. Pouco a pouco fui perdendo-me para mim, fui aprisionando-me por conta unicamente de minha medíocre-idade...


Oi pessoas, tudo bem?

     Então... Quanto tempo, não é mesmo? Explico o motivo: A vida, a rotina, a vida adulta.
     O texto de Marcos L. Nunes, citado acima, descreve o tornar-se adulto exatamente da forma que eu não tenho buscado para mim. É justamente por viver a idade adulta de outro modo que muitos questionamentos têm me trazido reflexões irritantes e constantes. As principais interrogações que invadem minha mente me perguntam sobre o real perfil de um ser adulto. Como é ser adulto? Qual a forma correta de crescer? O que significa amadurecer? Tudo isso tem a ver com tornar-se rígido, sério, introspectivo? Isso refere-se a ser contido, preso, fingido?
     Tenho, já a algum tempo, observado (ainda mais) as atitudes das pessoas que me cercam. Uma atenção especial tem sido dedicada aos "adultos". Mais especificamente às pessoas na minha média de idade. O que tenho percebido não é tão intrigante quanto pensei. Na verdade, eu acho até bem simples de explicar: Adultos fingem. É praticamente a isso que se resume o amadurecimento de 90% das pessoas crescidas que conheço.
     As chamadas "pessoas maduras" não passam de nada, além de alguém que aprendeu a mentir sem ter que  se explicar e, quando precisa, a resposta é, geralmente, "você está me ofendendo". Quando insistem na "ofensa", a mentira chega a patamares judiciais. Os fingimentos continuam ao não chorarem quando sentem vontade, ao esconder as frustrações, ao se conterem quando estão muito felizes, ao não gargalharem de algo muito engraçado, ao chamar de exótico o que acham "estranho pra caramba", ao disfarçarem o constrangimento quando se deparam com algo que não concordam, ao arrotar felicidade para esconder suas frustrações, ao dizerem-se adultos sem nem saberem como sê-lo. Discernimento? Em alguns casos, sim. Na maioria, fingimento mesmo.


     Não estou apregoando um mundo infantil onde as pessoas não tenham controle sobre suas línguas, como as crianças. Estou apenas dizendo que, para mim, ser adulto não perpassa a área do teatro. Acho que justamente por pensar assim, tenho "decepcionado" várias pessoas. Não me importo. O que não quero é vestir uma camisa que não me cabe, usar uma máscara que não gosto, calçar um sapato que vai passar o dia me incomodando. Ser adulto, nestes padrões, não me serve.
     Sei também que PRECISO amadurecer em diversas áreas porém isso não me torna uma pessoa 100% infantil e mesmo que o fosse, estou bem assim. Mas o que é mesmo amadurecer? No dicionário, seria o mesmo que "tornar-se experiente com o tempo". É uma boa definição. Ser experiente é o mesmo que perder a jovialidade? Seria perder gosto por coisas que "adultos não podem fazer"? Provar-se de brincar do que gosta, de vestir o que gosta, de ouvir, sair e comer o que deseja? Onde está o manual da pessoa adulta? Onde está escrito o que pode e o que não pode ser vivenciado depois que crescemos? Ah, no tão falado bom-senso. E desde quando adultos têm bom-senso????
     Tenho 30 anos. Sou crescido, adulto, maduro, um homem feito, seja lá como convencionaram definir um homem de minha idade. Porém, da mesma forma que muita gente, GOSTO de manter meu espírito jovem. Ainda não senti a necessidade de começar a fingir tanto quanto os outros. Ainda não. E enquanto eu não achar que simular é essencial, continuarei sendo eu mesmo. Um ... Não sei como definir, mas serei o que sou, achando você que sou infantil, adulto, louco ou seja lá o que for. Se serei um "velho" ridículo, que ouve música jovem, usa roupa de adolescente, joga vídeo-game, fala igual a um cara de 20 anos, e não sei. Mas se for, que seja. Serei feliz e é o que realmente importa. Sem fingimentos, sem simulações, sem teatro, sem máscaras.

Os pensamentos de hoje vêm em forma de imagem. Reflitam.

Tem Mais?
Tem. Mas vou empinar pipa e brincar de esconde-esconde primeiro. =D

Ton

Espero que você tenha se conectado comigo após a leitura deste texto.

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